domingo, 3 de janeiro de 2016

DISCUTIR O INDISCUTÍVEL

Vi no jornal que o acusado de matar "Barbara Suzan" estava em julgamento hoje desde as 08:00 h.
Barbara Suzan, 18 anos, era uma estudante universitária que foi estuprada e morta em maio de 2014, aqui em Tangará da Serra-MT.
A notícia na TV lembrou que o assassino colocou uma pedra em sua boca e lhe matou por asfixia.
Quando assisti a notícia veio ao meu pensamento uma lembrança que tive ontem.
Era tarde da noite, estava com meu filho num determinado lugar e o clima estava bem ameno quando olhei para a rua.
Lembrei-me do relato de uma paciente sobre algo que acontecera naquela rua. Ela me disse exatamente assim:
"Naquele dia, a noite estava tão bonita, lembro que a lua estava tão tão bonita, mas não tinha uma viva alma na rua".
- Nesta noite ela foi abordada no centro da cidade e brutalmente estuprada.
- O fato aconteceu há menos de 2 anos.
Estamos em meio a pautas muito importantes sobre os direitos das mulheres. Neste instante opto por não me delongar na pauta. Não é o momento. Contudo, a extensa e profunda violência sofrida pelas mulheres em nossa sociedade não é discutível (questionável).
A legitimidade dos direitos das mulheres não é discutível!
(Esta paciente que citei concordou de em momento oportuno gravarmos seu depoimento, como forma de luta pelos direitos da mulher.
Numa outra vertente, devo trabalhar num estudo sobre casos de incesto que envolveram mulheres e seus pais, com a observação de que já conheço estas mulheres).
A lembrança do relato da minha paciente chegou como um flash...
Estupro, abuso, violência, desigualdade, injustiça, humilhação, hipocrisia, machismo.
- Será que são necessárias tantas explicações pra dizer que estas coisas não são aceitáveis, ou justificáveis, ou discutíveis?

10/11/2015

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