terça-feira, 9 de agosto de 2016

ENFIM

Alguém disse que eu precisava
Escrever uma carta.
Que eu precisava falar.

Eu não quero, eu não consigo, eu não preciso;
Eu insisto. (que não)
Versos surgem como fragmentos durante o dia
Quando corro ou subo uma escada.
Talvez eu consiga encerrar este poema.

Não quero te falar nada
E não quero que saiba nada mais do que sinto.
Na verdade o que te desejo agora não é de verdade
Vai se esvair na primeira pilastra.

Não tenho nada pra falar,
Porque fiquei tão "espantada":
Fugiram-me todas as palavras
As rimas, os ritmos, os sons!
Fugiu-me até o silêncio.
Não tenho sentimentos,
Porque talvez algum fenômeno virtual
Deixou-me vazia.

Não quero falar,
não quero trabalhar após o meio-dia
Mas sabias que eu continuaria a mesma,
Pois trata-se de algo que vai além
De qualquer ausência de alegria
Ou afronta narcísica.
Não foi, não é, não sei.
Não importa saber.
Nem tenho curiosidade alguma.
Parei de chorar
Depois de um dia inteiro de lágrimas, absolutas, donas de si.

Pior que chorar
Ou sofrer
É perceber que algum abstrato equilíbrio
Precisa ser resgatado
Pois durmo cedo
E voltei a comer pão francês
E chocolates caros sem parar
Não deveria
nem chocolates
nem caros
Mudei as regras, estourei as cotas
Sinto-me no centro sem centro
Qualquer estado não-ser
Convergente com sua apatia,
Agora definitivamente
Enfim,
Sem você.

15/06/2016

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